quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A Vacina BCG

Apresentação

A vacina BCG (bacilo de Calmette e Guérin) é apresentada sob a forma liofilizada em ampola
multidose, acompanhada da ampola do diluente específico para a vacina.

Composição

A vacina é preparada com bacilos vivos, a partir de cepas do Mycobacterium bovis, atenuadas com
glutamato de sódio. A subcepa utilizada no Brasil é a Moureau-Rio de Janeiro, mantida sob sistema de lote-semente no Status Serum Institut de Copenhagen, na Dinamarca.

Indicação

A vacina é indicada para prevenir as formas graves da tuberculose (miliar e meníngea).

Contraindicação

A vacina é contraindicada nas situações gerais referidas no tópico 2 desta Parte IV do Manual, bem
como para os usuários a partir dos 5 anos de idade portadores de HIV, mesmo que assintomáticos e
sem sinais de imunodeficiência.
Nota:
A administração da vacina BCG deve ser adiada quando a criança apresentar peso inferior a 2 kg,
devido à escassez do tecido cutâneo (panículo adiposo), e quando apresentar lesões graves de pele.


Esquema, dose e volume

O esquema de vacinação com a vacina BCG corresponde à dose única o mais precocemente possível,
preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade. Na rotina, a vacina pode ser administrada em crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias. No caso de contato intradomiciliar de paciente com diagnóstico de hanseníase que não apresenta sinais e sintomas, independentemente de ser paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB), o esquema de vacinação deve considerar a história vacinal do contato da seguinte forma:
• Contatos intradomiciliares com menos de 1 ano de idade comprovadamente vacinados não
necessitam da administração de outra dose de BCG.
• Para contatos intradomiciliares com mais de 1 ano de idade, adote o seguinte esquema:
-- contato domiciliar sem cicatriz vacinal ou na incerteza da existência de cicatriz vacinal –
administre uma dose de BCG;
-- contato domiciliar comprovadamente vacinado com a primeira dose – administre outra dose
de BCG (mantenha o intervalo mínimo de seis meses entre as doses);
-- contato domiciliar com duas doses/cicatrizes – não administre nenhuma dose adicional.
A vacina BCG para crianças e adultos com HIV positivo também segue tais recomendações:
Crianças filhas de mãe com HIV positivo podem receber a vacina o mais precocemente possível
até os 18 meses de idade, se assintomáticas e sem sinais de imunodeficiência.
• Crianças com idades entre 18 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias, não vacinadas, somente podem
receber a vacina BCG após sorologia negativa para HIV; para estes indivíduos, a revacinação
é contraindicada.
• A partir dos 5 anos de idade, indivíduos portadores de HIV não devem ser vacinados, mesmo
que assintomáticos e sem sinais de imunodeficiência. Entretanto, os portadores de HIV que são
contatos intradomiciliares de paciente com hanseníase devem ser avaliados do ponto de vista
imunológico para a tomada de decisão. Pacientes sintomáticos ou assintomáticos com contagem
de LT CD4+ abaixo de 200/mm3 não devem ser vacinados.
Notas:
• A presença da cicatriz vacinal é considerada como dose para efeito de registro, independentemente
do tempo transcorrido desde a vacinação até o aparecimento da cicatriz.
• Para crianças que foram vacinadas com a vacina BCG e que não apresentem cicatriz vacinal após 6
meses, revacine-as apenas uma vez, mesmo que não apresentem cicatriz novamente.
• Os recém-nascidos contatos de indivíduos bacilíferos deverão ser vacinados somente após o tratamento da infecção latente da tuberculose ou a quimioprofilaxia.
• Ao administrar dose adicional em contato de paciente de hanseníase, respeite o intervalo de seis
meses da dose anterior. Administre um pouco acima (± 1 cm) da cicatriz existente.
• Em gestante contato de indivíduo portador de hanseníase, a vacinação com BCG deve ser adiada
para depois do parto.
• A realização do teste tuberculínico é dispensável antes ou depois da administração da vacina BCG,
inclusive para os contatos de pacientes de hanseníase.
O volume de cada dose corresponde rigorosamente a 0,1 mL.
A vacina pode ser administrada simultaneamente com as demais vacinas dos calendários de
vacinação do Ministério da Saúde.

Administração e Via de administração

A vacina é administrada por via intradérmica conforme orientação dada neste Manual (na Parte III,
tópico 6.3.2.1).


A administração da vacina é feita na região do músculo deltoide, no nível da inserção inferior, na
face externa superior do braço direito. O uso do braço direito tem por finalidade facilitar a identificação da cicatriz em avaliações da atividade de vacinação. Quando essa recomendação não puder ser seguida, registre o local da administração no comprovante de vacinação.



Procedimentos no preparo da vacina

• Observe as etapas referentes à administração dos imunobiológicos descritas na Parte III, tópico 6.3.2.1.
• Reconstitua a vacina de acordo com a orientação a seguir, específica para a vacina BCG:
-- Aspire todo o diluente com a seringa e a agulha, deixando-a reservada e protegida com
a ampola.
-- Bata levemente com o dedo na ampola que contém o liófilo (pó) para que ele se deposite
no fundo.
-- Verifique se o gargalo da ampola está seco.
-- Envolva a ampola com o saco plástico da embalagem.
-- Abra (quebre) a ampola no ponto demarcado.
-- Retire o plástico lentamente, para que o ar penetre na ampola de forma gradual.
Nota:
• Como a vacina BCG é fechada a vácuo, quando o ar entra bruscamente no interior da ampola, o
liófilo pode ser expulso sob a forma de aerossol e contaminar o ambiente.
-- Injete o diluente lentamente pelas paredes da ampola que contém o pó vacinal, umedecendo-o.
-- Realize um movimento rotatório em sentido único com a ampola até obter uma suspensão
homogênea.
-- Injete o restante do diluente e volte a fazer o movimento rotatório em sentido único para que a
suspensão fique homogênea.
• Apoie a ampola com a vacina reconstituída (envolvida no saco plástico ou na embalagem da
seringa usada para diluição) em um recipiente.
Notas:
• O uso do saco plástico ou da embalem da seringa tem por finalidade proteger a vacina da poeira e
de gotículas de água.
• Antes de aspirar, é importante homogeneizar a vacina.
• Aspire o volume a ser administrado, verificando na graduação da seringa se a dosagem está
correta (0,1 mL).
• Recoloque o frasco da vacina no recipiente, dentro da caixa térmica, até a aspiração de nova dose.
Notas:
• A vacina BCG, uma vez reconstituída, pode ser usada por um prazo máximo de 6 horas.
• Esse prazo só deve ser respeitado se o imunobiológico for mantido sob temperatura adequada
(+2ºC e +8ºC) e se forem adotados os cuidados que evitem a sua contaminação.
• A data e o horário de abertura do frasco devem ser anotados e fixados na ampola de maneira que
não comprometam as informações do rótulo e a visualização do conteúdo interno, principalmente
quando o prazo de utilização após a abertura da ampola for mais longo.
• Vencido o prazo, despreze a sobra da vacina conforme orientação dada neste Manual (na Parte III,
tópico 4.1).
• O número de doses desprezadas deve ser anotado no impresso utilizado para registro das atividades
diárias, com o objetivo de subsidiar a avaliação da perda de vacinas.

Procedimentos para a administração da vacina

• Prepare o usuário a ser vacinado conforme orientação dada na Parte III deste Manual (no
tópico 3.3.3).
• Segure firmemente o braço, distendendo a região do deltoide direito entre os dedos polegar
e indicador.
• Introduza a agulha nas camadas superficiais da pele, na inserção inferior do deltoide, na face
externa do braço direito, até que o bisel desapareça. Não aspire.
• Injete lentamente 0,1 mL da vacina.
Notas:
• Imediatamente após a injeção da vacina BCG aparece no local uma pápula de aspecto esbranquiçado
e poroso (tipo casca de laranja), com bordas bem nítidas e delimitadas.
• A compressão mecânica não deve ser realizada no local da vacinação.
• A pápula formada desaparece posteriormente.

Procedimentos após a administração da vacina

• Despreze a seringa e a agulha na caixa coletora de perfurocortante, conforme orientação dada
neste Manual, na Parte III, tópico 4.
• Higienize as mãos com água e sabão, conforme orientação dada neste Manual, na Parte III, tópico 6.
• Observe a ocorrência de eventos adversos pós-vacinação.
• Oriente o usuário, os pais e/ou os responsáveis sobre a evolução normal da lesão vacinal e os
cuidados com ela.
Notas:
• A lesão vacinal evolui da seguinte forma:
• após a administração, de 3 a 4 semanas, surge um nódulo (caroço) no local;
• entre 4 a 5 semanas, o nódulo evolui para uma pústula (ferida com pus);
• em seguida, evolui para uma úlcera (ferida aberta) de 4 a 10 mm de diâmetro; e
• entre 6 a 12 semanas, finalmente, forma-se uma crosta (ferida com casca em processo
de cicatrização).
• Cuidados com a lesão:
-- não cubra a úlcera que resulta da evolução normal da lesão vacinal;
-- não faça uso de compressas;
-- o local deve ser sempre limpo;
-- não é necessário colocar qualquer medicamento nem realizar curativo.
Registre no cartão de vacina a data, o número do lote, a unidade vacinadora e o nome do vacinador e
agende a próxima vacina do calendário a ser administrada.
Registre a vacina administrada no boletim diário ou em impresso específico. Ou:
Alimente o sistema informatizado nominal (SI-PNI) com a dose administrada, atentando para a
crítica do sistema, em caso de dose inadvertida, e verifique-a. Em seguida, confirme o agendamento
da próxima dose no sistema.
• Oriente o usuário, os pais e/ou os responsáveis sobre o retorno, quando for o caso, para
complementação do esquema básico de vacinação e/ou na ocorrência de algum evento adverso.
Para mais informações, consulte o Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-
Vacinação do PNI/SVS/MS.

Conservação

A vacina é conservada entre +2ºC e +8ºC (sendo ideal +5ºC), não podendo ser congelada.
O congelamento provoca a perda de potência e/ou forma agregados e/ou aumenta o risco de
eventos adversos.

Referência: Manual de Procedimentos em Vacinação - Ministério da Saúde
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