01 - (SPDM - Enfermeiro -2015) A hanseníase
pode apresentar-se sob quatro formas diferentes, identificadas na primeira
coluna a seguir. Relacione as colunas e, em seguida, assinale a alternativa
correspondente.
1. Virchowiana.
2.
Indeterminada.
3. Tuberculoide.
4. Dimorfa.
I. Caracteriza a
forma mais branda da hanseníase. O doente pode apresentar manchas planas,
esbranquiçadas e com alterações de sensibilidade (hipoestesia ou hiperestesia)
pelo corpo. Se tratada adequadamente, pode não deixar sequela.
II. Nem sempre
há manchas na pele do doente. Quando aparecem, podem ser acastanhadas, com
bordos bem definidos, podendo apresentar alopecia. Pode afetar apenas os
nervos, sendo chamada, então, de forma neural pura.
III. O doente
pode apresentar manchas avermelhadas ou arroxeadas pelo corpo, sem bordos
definidos, com edema, algumas vezes semelhantes à forma tuberculoide (quando
está associada ao comprometimento neurológico) ou à virchowiana
(quando está
associada à presença de nódulos e infiltrações na face).
IV. É
considerada a forma mais grave de hanseníase. O doente apresenta deformações
(com formações de caroços) no nariz e orelhas, podendo haver queda dos pelos
das sobrancelhas – caracterizando a “face leonina”. Há espessamento e formações
de granulomas em várias partes do corpo, aparentando “caroços” na pele.
(A) 1-IV / 2-I /
3-II / 4-III
(B) 1-III / 2-I
/ 3-II / 4-IV
(C) 1-IV / 2-II
/ 3-I / 4-III
(D) 1-III / 2-II
/ 3-I / 4-IV
Comentários:
Hanseníase
Indeterminada
Comumente,
a lesão inicial se expressa como uma área de hipoestesia definida ou não por
uma lesão visível. A mais comum manifestação cutânea é o surgimento de uma ou
algumas máculas de hipopigmentadas a discretamente eritematosas, e mais secas do
que a pele circunjacente, medindo em geral poucos centímetros de diâmetro.
Segundo Jopling & Mc Dougall, é um estágio inicial e transitório da hanseníase,
que pode ser encontrado em indivíduos de resposta imune não definida diante do
bacilo, usualmente, crianças.
A
hanseníase indeterminada pode evoluir com cura espontânea, desenvolver-se
lentamente, ou, ainda, involuir, ressurgindo, tardiamente, com características
clínicas definidas, dentro do espectro da doença, de acordo com sua capacidade
de resposta imune ao M. leprae.
Hanseníase
Tuberculóide
No
pólo de resistência, a hanseníase tuberculóide caracteriza a forma clínica de
contenção da multiplicação bacilar, dentro do espectro da doença. As lesões
cutâneas, com bordas pronunciadas, são únicas ou em pequeno número, e
assimetricamente distribuídas pelo tegumento. Apresenta-se, quando mácula, como
lesão hipocrômica ou eritematosa, delimitada por micropápulas, e, quando placa,
como lesão eritematosa ou acobreada, difusamente infiltrada, ou com tendência
central ao aplainamento, e limites externos sempre nítidos e bem definidos. Em
geral, as lesões não ultrapassam 10 cm de diâmetro, e os danos em ramos neurais
se acentuam rapidamente, resultando em alterações tanto sensitivas quanto
autonômicas, que evoluem para hipoestesia e anestesia, em pele de superfície
seca, hipoidrótica, com diminuição ou ausência de pêlos. Além da pele, o envolvimento
de troncos nervosos ocorre em pequeno número, usualmente, próximo às lesões
cutâneas.
Os
nervos preferencialmente acometidos são o cubital, mediano, radial, peroneiro
comum, tibial posterior, auricular e supraorbitário. Neste grupo clínico,
podemos encontrar somente comprometimento neural, sem lesões cutâneas, denominando-se
hanseníase tuberculóide neural pura.
Hanseníase
Virchoviana
No
pólo de anergia, a hanseníase virchoviana expressa a forma clínica de
susceptibilidade ao bacilo, resultando em multiplicação e disseminação da doença.
De início insidioso e progressão lenta, esta forma clínica avança através dos
anos, envolvendo difusamente extensas áreas do tegumento, múltiplos troncos
nervosos, e inclusive outros órgãos, até que o paciente perceba seus sintomas.
Inicia-se com máculas mal definidas, discretamente hipocrômicas ou
eritematosas, pouco visíveis, ampla e simetricamente distribuídas sobre a
superfície corpórea. A progressão da doença resulta em acentuação do eritema e
infiltração, pele luzidia, com poros dilatados, tipo “casca de laranja”, e sobre
estas áreas se sobrepõem pápulas, nódulos e tubérculos.
Frequentemente
comprometidos estão: a região frontal, centromedial da face, e lóbulos da
orelha, caracterizando a fácies leonina, além de extensas áreas do tegumento;
usualmente, as regiões mais quentes, como axilas, linha média do dorso, períneo
e virilhas são poupadas. Nos membros, há comprometimento das superfícies
extensoras, particularmente antebraços, dorso das mãos e extremidades, tanto
dos membros superiores, como dos inferiores, observando-se articulações e
dígitos edemaciados. As lesões encontram-se com diminuição ou ausência de
pêlos; na face, o comprometimento na cauda da sobrancelha é denominado
madarose. Com a evolução da doença, múltiplos troncos nervosos são
comprometidos simetricamente, tornam-se, de firmes, a espessados, fibrosos e
endurecidos e, progressivamente, sobrevêm a perda sensitiva e a motora, consequentemente,
levando à perda da função, atrofia muscular, paralisias, deformidades e contraturas.
Na
forma virchoviana avançada, frequentemente, o trato respiratório superior está
envolvido, ocasionando mucosa congesta e edemaciada, obstrução, coriza mucopurulenta,
epistaxe, anosmia, e, finalmente, perfuração septal e desabamento nasal.
Pode-se observar tecido friável e com ulcerações em palato, língua, orofaringe
e laringe.
Hanseníase
Borderline ou Dimorfa
Dentro
do espectro da doença, esta forma está caracterizada por instabilidade imunológica,
e caminha entre os pólos tuberculóide e virchoviano. Devido ao grande
contingente de pacientes neste grupo, esta forma clínica, representa destacada parte
do espectro, sendo relevantes, também, a freqüência e gravidade dos danos neurais,
responsáveis por incapacidades e deformidades na hanseníase.
Na
hanseníase borderline ou dimorfa, podemos observar aspectos
clinicodermatológicos, que se aproximam do pólo virchoviano ou tuberculóide,
até no mesmo paciente, e esta aparência dimorfa reflete a instabilidade
imunológica. A evolução da doença e a ausência de tratamento poderiam conduzir
alguns pacientes ao pólo virchoviano. Dentro da multiplicidade de aspectos das
lesões cutâneas, podemos observar desde máculas, eritematosas, em pele clara, a
hipocrômicas, em pele escura, que assume por vezes tonalidade acobreada, sendo
comum também a presença de pápulas, tubérculos, nódulos e placas. À proximidade
ao pólo tuberculóide observa-se lesões mais delimitadas, anestésicas e de
superfície seca, a pesquisa aponta raridade ou ausência de bacilos. Por outro
lado, à proximidade ao pólo virchoviano observase lesões mais numerosas,
brilhantes, com menor definição de limites, cuja perda de sensibilidade não é tão
intensa, e a pesquisa mostra presença de maior número de bacilos. Foram descritas,
classicamente, como representantes do grupo borderline , lesões de aspecto
anular, circulares e ovais, ou foveolar. Lesões anulares possuem anel
eritematoacobreado, mais delimitado interna e externamente, quando comparadas
às foveolares, estas últimas denominadas também de lesões tipo queijo-suiço,
são representadas por placas eritematosas, cujos limites externos mal definidos,
com eritema que se esmaece, gradativamente, contrastam com a definição mais
acentuada dos limites internos da borda da lesão cutânea. Pode-se encontrar um
grau de anestesia no centro das lesões anelares e foveolares.
Fonte:
SOUZA, CS. Hanseníase: formas clínicas e diagnóstico diferencial. Medicina,
Ribeirão Preto, 30: 325-334, jul./set. 1997.
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